Este texto procura destacar alguns elementos sobre os quais Medellín e sua área metropolitana vêm trabalhando nos últimos anos na busca de uma mobilidade mais sustentável. Também são indicadas algumas tarefas que ainda precisam ser melhor desenvolvidas.
Medellin está em processo de consolidação de um grande sistema de infraestrutura e gestão da mobilidade. Este é o resultado de um complexo trabalho inter-institicional, multimodal e urbano que tem priorizado a eficiência energética de veículos e de novas tecnologias de informação. No entanto, apesar de alguns progressos, novas iniciativas públicas e privadas precisam ser implementadas para complementar as já existentes.
A parceria entre a prefeitura de Medellín, a Região Metropolitana do Vale do Aburrá e o Metrô, entre outras entidades públicas e privadas, é um dos pilares do sucesso. Esta interação vem gerando impactos muito positivos sobre aspectos sociais e ambientais da região.
A implantação de tecnologias limpas no sistema público se somam à enorme integração física entre o metrô e do Metroplus (BRT) em algumas áreas da cidade. Atualmente, estamos estudando a reestruturação das linhas de ônibus convencionais a partir de uma integração física e tarifária. Ao sistema de metrô já foram integradas uma centena de rotas com um bilhete especial, mas hoje se estuda a integração tarifária total do sistema.
A mobilidade não-motorizada e, especificamente a das bicicletas, está se tornando cada vez mais importante através de várias iniciativas públicas e privadas. Um projeto piloto de bicicletas públicas, além de garantir a cobertura de alguns setores e dar força a uma nova estratégia para complementar as iniciativas de tecnologias limpas, procurou articular fisicamente as bicicletas ao sistema de metrô através das localizações das estações. Reconhecemos que este projeto tem servido como um indutor para novos usuários de bicicleta privadas que hoje fazem uso da infraestrutura de bicicletas existente e que continua a crescer na cidade.
Outras estratégias complementares, com a mesma intenção de garantir uma mobilidade cada vez mais sustentável, foca em alcançar a eficiência do sistema viário através do programa de "controle e monitoramento das emissões geradas por fontes móveis." Este programa visa a verificar o cumprimento dos limites máximos de emissão de gases estabelecidos pela normativa ambiental colombiana. Em 2010, 9.846 veículos foram verificados com um aumento significativo para 35.000 em 2011.
No entanto, considerando que as estratégias para melhorar a mobilidade não se encontram necessariamente neste campo de atuação, a cidade tem outros propósitos, que se destinam a reduzir as viagens de alguns usuários por meio da estratégia de localização de usos múltiplos do solo, através de dois megaprojetos urbanos de novas centralidades nos extremos norte e sul do vale conurbado, bem como um sistema de transporte ferroviário e grandes estações de interação modal. Além disso, o território está sendo planejado a longo prazo através do Plano Diretor de Medellin e Valle de Aburrá BIO 2030, que vai articular todas as iniciativas municipais, regionais e nacionais para a metrópole.
Para informações e gerenciamento da mobilidade foi implementado uma plataforma tecnológica de web 2.0 com câmeras de monitoramento, planejamento, coordenação semáforo e, especialmente, como base de um novo sistema integrado de informação para os cidadãos. A intenção é monitorar a situação dos principais corredores rodoviários e os cruzamentos em toda a cidade, buscando ter mais controle sobre o estado das estradas e detectar incidentes ou situações de congestionamento de maneira rápida e oportuna. Esta abordagem tem como objetivo fornecer informações oportunas e consistentes, reduzir as taxas de acidentes, otimizar o fluxo de tráfego e tomar as melhores decisões para reduzir o congestionamento do tráfego e os tempos de viagem.
Sem dúvida, nem tudo está resolvido, são muitas questões urbanas, sociais, econômicas e institucionais, especialmente para a criação de uma autoridade regional verdadeiramente única e permitir uma melhor coordenação de todos os atores de desafios de mobilidade. Também é necessário implementar outras ações que visam gerir o excesso de demanda para os veículos particulares, tais como taxas de congestionamento, bem como atividades culturais e educacionais de pequena escala, que contribuem para uma melhor qualidade de vida e segurança dos diferentes atores das ruas como pedestres e ciclistas.
No entanto, de uma maneira muito discreta, o Valle de Aburrá começa a entender a complexidade dos sistemas de mobilidade e que estes não requerem ações únicas a favor de um ou de outro modo, mas ao contrário, que essas ações devem ser sempre complementares.
Por Juan Pablo Ospina Zapata. Eng. Civil, MSc em mobilidade e urbanismo, via Plataforma Urbana. Tradução Maria Júlia Martins, ArchDaily Brasil.